5 de dez. de 2011

Cine Nostalgia - Christophe Honoré

Nesta semana, o Cine Nostalgia entra no universo de Christophe Honoré, um escritor, roteirista e diretor francês considerado atualmente como um dos principais herdeiros do que se pode chamar de Nouvelle Vague no cinema. 

O estilo de Honoré é único. Ele trabalha o desenvolvimento de suas personagens de uma forma ampla e independente. O diretor também se utiliza de um forte apelo auditivo, transformando suas obras em quase-musicais, pela presença tão necessária e, de fato, escolhida cuidadosamente pela trilha sonora, que guia toda a produção. Utilizando-se especialmente de temas que envolvam os sentimentos humanos, tocando em pontos que tratam da liberdade sexual e afetiva, os trabalhos do diretor são sempre muito bem apresentados e levados a uma identificação do público, como mostra, por exemplo, Em Paris, uma obra que retrata o drama do rompimento amoroso, ao mesmo tempo em que mostra as múltiplas faces do ser humano, contando com seus defeitos e anseios. As incertezas sentimentais são o mote do filme, que tem Louis Garrel e Romain Duris como os protagonistas, em uma história em que dois irmãos, mutualmente se ajudam, ao tratarem das incertezas amorosas que cercam suas vidas. Tudo isto, com a presença de pais que, de forma ou outra, tentam entender o que vem acontecendo com o filho, que entra em um processo auto-destrutivo após o rompimento amoroso. Enquanto isso, o outro irmão, interpretado pelo interessante Louis Garrel é um bon vivant, adora as mulheres e as superficialidades da vida, enquanto parece não se importar muito com o sentimentalismo acometido pelo amor, ajuda, na medida do possível, o irmão desesperado. 
Em Não, Minha Filha, Você Não Irá Dançar, o excesso de amor é o mote de um drama com um toque de auto-ironia. Desta vez, os jovens saem de cena (não completamente, já que Louis Garrel, o ator-símbolo de Honoré está na trama) e os casais adultos tomam a dianteira nesta história que mostra o divórcio de um modo muito realista, exatamente naquela fase em que todos tentam buscar algo para tornar a situação um pouco mais agradável. Mesmo assim, o clima de separação vivido pela protagonista (a atriz Chiara Mastroianni) é sentido como uma forma de viuvez, já que os dois filhos pequenos são extremamente reprimidos pelos cuidados excessivos de uma mãe que pensa ter de redobrar cuidados em meio a uma difícil situação como colocada pela mãe, que, antes de mostrar-se como alguém preocupado com o futuro dos filhos, pensa muito mais no controle maternal que deve ser exercido, de fato, pela instituição social. Honoré é muito promissor ao mostrar, de forma tão real no cinema, uma situação que acomete muitos, mas é pouquíssimo analisada por nós, que aceitamos e levamos como verdade absoluta. Christophe Honoré permite a seus espectadores ver um lado pouco desconhecido de suas próprias vidas, uma reflexão sobre aquilo que, inconscientemente, escondem.
Em sua mais nova produção, Les Bien-Aimés, Honoré promete mostrar as suas tão prestigiadas relações humanas com um toque bem mais, digamos, inovador. Exibido no 64º Festival de Cannes, Les Bien-Aimés estreia em breve nas salas brasileiras.  

Veja os trailers de Em Paris e Não, Minha Filha, Você Não Irá Dançar

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