Se Não Nós, Quem?, que estreia nos cinemas no próximo dia 11, vai muito além da trajetória política que deixou a Alemanha em estado de alerta durante o período da Guerra Fria. Andres Veiel, contando a história do Grupo Baader-Meinhof, coloca seus espectadores mais próximos ao relacionamento vivido por um casal, que, se não fosse pelo impulso político, o qual dá uma visão completamente diferente para o público, seria um casal qualquer em um filme dramático. Neste contexto, o casal Vesper-Ensslin vive de modo particular e é deixado claro aos espectadores que, acima de qualquer ligação com o o Baader-Meinhof, Gudrun (Lena Lauzemis) e Bernward (August Diehl) são um casal que, com o passar do tempo, precisa conviver com seus próprios problemas, impasses existentes nas relações amorosas, como o sofrimento causado pela traição e a experiência de formar uma família sem planejamento.
A relação que viveu Bernward Vesper e Gudrun Ensslin é tão turbulenta quanto a situação da Alemanha após o fim da Segunda Guerra Mundial, cheia de altos e baixos, com um sentimento da culpa alemã, onde traições são frequentes e a falta de confiança no outro os faz se dividirem e caminharem para lados opostos e extremos em uma situação tão conturbada quanto a que a Alemanha vivia na década de 60. A jovem Gudrun Ensslin, cansada das frequentes traições de Vesper, primeiramente se tortura em silêncio, guardando para si a mesma culpa sentida pelos alemães após 45. Este sentimento a leva ao Movimento Baader-Meinhof, onde, ao se tornar amante de Andreas Baader (Alexander Fehling), um dos líderes do movimento, denota a atitude extremista que levou uma parte da Alemanha às ruas para lutarem (violentamente, digamos) contra uma instabilidade, marcada por uma sutil repressão. As relações familiares fracassaram ao passo que a Alemanha também se desuniu, mais do que já havia após a construção do Muro de Berlim, em 1961.
Assim como a relação entre Ensslin e Vesper, os filhos desta Alemanha em estado de ataque tiveram de ser criados sozinhos, os anos seguintes foram de extremo medo para a população alemã. Nisto, o filho de Gudrun Ensslin e Bernward Vesper, Felix, também mostra como os filhos desta geração que nasceu em meio a um conflito sócio-político como o que ocorria no país, viveu em meio a verdades escondidas e grande desconfiança. Na vida real, Felix Ensslin, que hoje é um renomado filósofo, foi abandonado pela mãe, Gudrun Ensslin, aos seis meses de vida e viu seu rosto pela primeira vez em um cartaz de "procurada" por cometer atos terroristas em conjunto ao Grupo Baader-Meinhof. Bernward Vesper, pai de Felix, dedicou-se aos livros até ser levado à loucura e, em 1971, ter tirado sua própria vida. Gudrun Ensslin foi encontrada morta em sua cela, em outubro de 1977.
Com isso, Se Não Nós, Quem? retrata, além da situação crítica que a Alemanha se situava no pós-guerra, mostra ao seu público as relações humanas daqueles que se empenhavam em desconstruir esta mesma Alemanha que vivia em tempos de sofrimento e repressão.
Se Não Nós, Quem? estreia nos cinemas dia 11 de novembro, veja o trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário