Nesta semana, duas produções distribuídas pela Imovision são destaque nos cinemas, são elas O Garoto da Bicicleta, de Jean-Pierre e Luc Dardenne e Se Não Nós, Quem?, de Andres Veiel.
Em O Garoto da Bicicleta, a emocionante história de Cyril (Thomas Doret), um garoto de 11 anos abandonado pelo pai, Guy (Jeremie Renier) é marcada por uma vasta reflexão sobre os relacionamentos familiares. Os irmãos Dardenne, em uma produção vencedora do Prêmio do Juri do Festival de Cannes, tenta mostrar toda a dramaticidade de uma difícil situação pela qual o pequeno Cyril passa, ao se ver sozinho, porém, com um toque muito próprio, que camufla as emoções e destaca a ação humana, mesmo em um universo que é ínfimo, parte do cotidiano.
O mote da história é a presença da cabelereira Samantha (Cécile de France) que desenvolve uma linda relação com o revoltado garoto. Ela, como tutora e ele, como seu aprendiz, desenvolvem uma relação de cooperação mútua, que se mantém frágil devido ao comportamento explosivo de Cyril. Em uma excelente atuação, Cécile de France parece captar aquilo que, para muitos é uma sutileza da expressão, porém, transforma-se em uma personagem que consegue passar, através dos mínimos movimentos, a força e a necessidade que a tornam expressiva e carismática. Quanto ao pequeno Thomas Doret, pode-se ver um desenvolvimento impressionante da personagem, um trabalho curioso para um ator de tão pouca idade - tanto que é possível aos espectadores despertarem verdadeiras reações em relação ao temperamento impulsivo do menino, ao mesmo tempo em que se sensibilizam com a sua situação. Uma verdadeira obra criada por Jean-Pierre e Luc Dardenne, que emociona e engrandece a arte cinematográfica.
Um drama político é o tema central de Se Não Nós, Quem?, uma história baseada em fatos reais, que propõe ao espectador um momento histórico extremamente conturbado, sendo o palco principal para o desenvolvimento da ação, a Alemanha das décadas de 60 e 70. A história do escritor Bernward Vesper (August Diehl) e sua companheira, a ativista política Gudrun Ensslin (Lena Lauzemis), ligada ao Grupo Baader-Meinhof, considerado com terrorista de extrema esquerda, surgido após o término da Segunda Guerra Mundial. Com uma situação nacional abalada pelo nazismo, pelas perdas civis e pelo sentimento de culpa alemã, uma vertente aos problemas do país se pautam especialmente nas revoltas e nas investidas estatais para manutenção da ordem.
Vesper e Ensslin, a princípio, pareciam um casal como qualquer outro. O jovem Bernward tinha o desejo de escrever, mesmo com a imagem tida por seu pai, um escritor pró-nazismo. Se conheceram nos tempos de colégio e, em meio a traições e desconfianças, muitas vezes assumidas, Gudrun Ensslin inicia um processo de afastamento do marido e de aproximação com os movimentos de esquerda que surgiam na época. Conhece Andreas Baader (Alexander Fehling) e, claro, relaciona-se com ele abertamente, até mesmo com o conhecimento de Vesper. Ele, enquanto se dedica ao filho, Felix Ensslin, tenta aprimorar seus dotes literários. Já Ensslin, em uma derradeira oportunidade, mantém-se próxima ao grupo declarado como terrorista. As prisões, a morte, a loucura são presentes; Andres Veiel, o diretor de Se Não Nós, Quem? busca dar um irreverente realismo ao drama, que a partir de uma história real, leva o seu público a uma viagem de intenso conflito, por aquilo que se mostrava impossível de se resolver, em termos políticos em uma Europa recém-destuída pela guerra e ameaçada pelo Leste.
Veja os trailers de O Garoto da Bicicleta e Se Não Nós, Quem?, já em exibição nos cinemas:
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