A Mostra Cine & Video Tarumã, mais do que exibir filmes com "temática islâmica", tem intenção de nos fazer entrar em contato com essa realidade que é tão distante da nossa.
A cultura do diferente sempre nos fascina e nos faz questionar algo em relação ao certo e errado que sempre esteve inserido em nossas vidas, como a moral, e a incompreensão de diferentes perspectivas de vidas e sociedades diferentes das nossas.
O cinema iraniano, sempre muito bem aceito pelos críticos e público, vem na intenção de nos mostrar a cultura, a partir de cada diretor que mesmo dentro do mesmo regime imposto pela República Islâmica do Irã, nos apresenta essa cultura de acordo com diferentes pontos de vista.
O primeiro, que inicia a pequena mostra é o de Jafar Panahi O Círculo que aborda os diferentes perfis de vida de algumas mulheres, tendo como principal foco a repressão por elas sofrida. O primeiro clímax surge quando uma enfermeira anuncia a uma senhora que ela acaba de se tornar avó de uma menina perfeitamente saudável. A notícia é recebida com desespero, indagando vezes seguidas se não é um menino. Nas ruas de Teerã, onde mulheres não podem estar sozinhas nem fumar em público, duas ex-presidiárias caminham preocupadas. Enquanto isso, uma fugitiva da prisão é escorraçada pelos irmãos por estar grávida. Forçada a fazer o aborto, entra em pânico ao imaginar que o marido da amiga enfermeira possa descobrir que ela já esteve presa. Outra mulher, prostituta, é uma observadora atenta da vida e do sistema que a envolve. Outra, está tentando abandonar a filha pequena nas ruas, provavelmente por ter sido vítima da mesma injustiça destinada à parturiente da primeira cena – não ter gerado um varão. Assim é o círculo de anseios e desejos femininos na realidade iraniana. O Círculo é um filme no qual o diretor Panahi retrata essa repressão vivida pelas mulheres islâmicas, levantando temas tabus como o aborto, prostituição e abandono de crianças.
Na quarta-feira, 28, será exibido o primeiro filme do escritor e crítico de cinema Mamad Haghighat Dois Anjos. No filme, um homem devoto vai até uma mesquita de uma cidade sagrada do Irã para confessar que acredita ter matado seu filho de 15 anos. Dias antes, depois de uma discussão com o pai, Ali, o filho, foge para o deserto e pela primeira vez em sua vida ouve uma música. Um pastor está tocando sua flauta quando um anjo aparece. Tomado por aquele sentimento estranho, ele pede ajuda à mãe e, escondido do pai, que considera pecado ouvir música, vai até Teerã, onde conhece outro anjo: a bela Azar, de 19 anos, cujo pai está escrevendo um livro sobre anjos. Esta pequena fábula filmada, impregnada de lirismo e emoção, revela uma realidade cultural que nós, ocidentais, desconhecemos. O filme foi indicado ao prêmio do Júri no Festival Internacional de São Paulo, em 2004.
Encerrando a semana, na sexta-feira, 30, será exibido o filme Procurando Elly (da Imovision) de Asghar Farhadi, de 2009. Após passar anos na Alemanha, Ahmad volta ao Irã e seus amigos organizam três dias de comemoração. Sem que o resto do grupo saiba, Sepideh convida para a festa a jovem Elly, professora de sua filha. Ahmad, que acabou de se separar da esposa alemã e gostaria de começar uma nova vida com uma iraniana, vê em Elly a mulher perfeita. No dia seguinte, entretanto, ela desaparece misteriosamente. O clima entre os amigos torna-se amargo e acusatório e eles iniciam uma pequena investigação para descobrir o paradeiro da moça. Asghar Farhadi é um dos novos diretores iranianos e com este filme vencedor de 11 prêmios internacionais, entre eles o Urso de Prata no Festival de Berlim/09, se estabelece entre aqueles mais promissores da cinematografia do Irã.
As exibições ocorrem na Universidade Federal do Amazonas, no Auditório Rio Negro, localizado no Instituto de Ciências Humanas e Letras – ICHL, Coroado I, Campus Universitário, sempre às 12h30 e com entrada gratuita.
Fonte: Cine e Vídeo Tarumã
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