13 de set. de 2011

"Fausto" de Aleksander Sokurov, vencedor do Leão de Ouro em Veneza, será distribuído pela Imovision

O 68º Festival de Veneza chegou ao fim, e That Summer de Philippe Garrel selecionado para a mostra competitiva não levou o Leão de Ouro, porém o prêmio máximo foi para o russo Aleksander Sokurov pelo seu mais novo longa Fausto, e mais recente aquisição da Imovision.
O filme Fausto de Aleksander Sokurov não é apenas uma adaptação da tragédia escrita por Goethe no sentido comum, mas uma leitura de o que está nas entrelinhas da mesma. 

Qual é a cor de um mundo que eleva idéias gigantescas? Qual é o aroma dele? Isso é abafado no mundo de Fausto: Planos mirabolantes nascem em espaços apertados, os quais ele tenta fugir.

Fausto é um pensador, um intérprete de ideias, um manipulador de palavras, um maquinador, um sonhador. Um anônimo conduzido por instintos básicos: anseio, ganância , luxúria. Uma infeliz perseguida criatura a qual enuncia uma provocação ao Fausto de Goethe: "Por que permanecer em um momento se pode ir mais longe? E mais e mais longe, pressionando a passagem do tempo" - não percebendo que o tempo permanece parado. E você provavelmente passará, também.
Fausto fala sobre a natureza do poder, assim como os outros 3 filmes dirigidos por Sokurov que retratavam Hitler (Moloch), Lenin (Taurus) e Imperador Hirohito (The Sun). A imagem simbólica de Fausto completa a série de grandes jogadores que perderam as apostas mais importantes de suas vidas.
Fausto está aparentemente fora do lugar nessa galeria de retratos, um quase personagem literário de museu emoldurado por uma simples trama. O que ele tem em comum com essas reais figuras que se elevaram ao auge do poder? O amor pelas palavras que são fáceis de acreditar e a infelicidade crônica cotidiana. O Mal é reprodutível, e Goethe formulou a essência: “Pessoas infelizes são perigosas”.

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