7 de jun. de 2011

François Ozon fala sobre como foi dirigir "Potiche: Esposa Troféu" ao lado de dois grandes ícones do cinema francês

Potiche: Esposa Troféu tem data marcada para estrear nos cinemas brasileiros: 24 de junho. Porém para aqueles que tiverem a oportunidade de ir amanhã na abertura oficial do Festival Varilux de Cinema Francês,  além de poder ver o filme em sua pré-estreia oficial no Brasil, também contará nada mais nada menos que com a presença da eterna bela da tarde Catherine Deneuve, que a Imovision traz para o Brasil para prestigiar o lançamento de seu filme. 
François Ozon é o diretor de Potiche: Esposa Troféu , e também diretor de O Refúgio lançado no Brasil pela Imovision. Na entrevista Ozon fala sobre Potiche: Esposa Troféu, sua peculiaridade ao dirigir seus filmes, sobre Deneuve e Gérard Depardieu
Confira a entrevista na íntegra:
Em pouco mais de seis meses, o público brasileiro está assistindo a três de seus filmes - O Refúgio, Ricky e Potiche. De onde vem essa sua disposição para fazer filmes um atrás do outro? Sei de diretores que demoram anos para desenvolver um projeto. Eu aproveito a conjunção favorável. Quero fazer um filme, os produtores se interessam, vamos lá. O sucesso tem me ajudado, embora existam fracassos que me parecem inexplicáveis. Achei que Ricky iria estourar, o público francês nem quis saber. Em Potiche, o público correspondeu, os produtores ficaram felizes, isso me dá cacife. O importante é que gosto de escrever roteiros, filmar... Os lançamentos é que, muitas vezes, cansam. Gosto menos de ficar dando entrevistas (risos). Coletivas, só em último caso. São dispersivas e superficiais.

Os filmes citados estão unidos em torno da família, mas diferem entre si. Qual é a explicação? Que eu gosto de variar! Dizem que os grandes autores se repetem, mas eu detesto me repetir. Me ocorre de fazer um filme contra o anterior. Sei que não sou um diretor impessoal. Meus filmes têm uma autoria, mas nunca me preocupo em colocar minha assinatura, acima de tudo. O que me interessa são as histórias, os personagens.
O que havia de tão atraente em Potiche? Em tom leve e divertido, este é um filme que me permite falar de tudo. Do amor, da família, dos negócios, das diferenças entre mulheres e homens. Mas o que realmente me encantou foi a mudança da personagem. Catherine (Deneuve) evolui de esposa para administradora e política. Mostrar essa transformação foi estimulante. Catherine adorou o papel. E, sim, você tem razão. A mãe de família vira a mãe da França. Um papel ideal para ela, não?
Deneuve reencontra Depardieu. São os dois grandes mitos do cinema francês. Não é intimidante? Afinal, nem precisam de direção... De onde você tirou essa ideia? Precisam até mais do que os novatos. Justamente por terem experiência e achar que sabem tudo, eles poderiam transformar as cenas num caos. O filme está na cabeça do diretor, não na dos atores. O que Catherine e Gérard me trazem é a persona deles, uma longa história que já está consolidada no inconsciente do público. E isso é precioso.

Houve algum desafio particular em Potiche? A cena da discoteca. Gérard não é bom dançarino, está enorme. Mas a cena é fundamental. Não poderia abrir mão dela. No final, botei a câmera para dançar. Eles me deram o reencontro. Ficou muito bom.

Você, como sempre, faz suas traquinagens. O final com o filho abre uma janela para a aceitação do homossexualismo... ...Shhhhhhhh (faz gesto de silêncio). Não chame muito a atenção. Certas coisas ficam melhor secretas (e ri).
Fonte: Estadão 
Confira o trailer de Potiche: Esposa Troféu:

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