3 de out. de 2011

Retrospectiva Lars von Trier faz jus a afirmação do cienasta: "Tenho medo de tudo na vida, menos de fazer filmes"

O dinamarquês Lars von Trier é sem dúvida um dos mais repercurtidos nomes do cinema contemporâneo nos últimos tempos, então uma Mostra como a "Retrospectiva Lars Von Trier" é mais que bem vinda, até por este ano o cineasta ter se superado em suas declarações polêmicas e criado confusão no Festival de Cannes quando declarou ser simpatizante de Hitler, sendo declarado Persona Non Grata pelo festival.


A extensa carreira de von Trier será tema de mostra que vai do dia 04 (terça-feira) até dia 20 de outubro, onde serão exibidos tanto seus filmes mais marcantes como Ondas do Destino, Os Idiotas, Dançando no Escuro, Dogville, Anticristo, Manderlay e seu ultimo filme de ficção-científica apocalíptica (e muito mais do que isso) Melancolia.

Polêmicas e críticas à parte, sendo o trabalho de von Trier agradável, contestável ou não, o talento do cineasta é inegável. Seus filmes carregam características impossíveis de passarem desapercebidas e agregadas a ele como diretor. Lars von Trier trilhou em sua carreira um cinema completamente autoral, frente ao qual é impossível permanecer indiferente.
Björk em Dançando no Escuro
Dentre a programação, será exibido Dançando no Escuro, distribuído pela Imovision nos cinemas brasileiros, e que marcaram muito a carreira do diretor.

Dançando no Escuro conta a história da jovem imigrante tcheca (interpretada pela cantora/atriz Björk), portadora de uma doença hereditária que a faz perder gradualmente a visão, trabalha com afinco em uma fábrica têxtil nos Estados Unidos, guardando todo seu salário para um dia pagar a cirurgia do filho de doze anos, também ameaçado pela cegueira. Seus vizinhos e colegas ajudam-na tanto quanto possível, mas, quando um deles se vê em dificuldades, resolve roubar-lhe todas suas economias. A partir daí, uma série de acontecimentos trágicos se sucedem. Para escapar à sua triste realidade, a jovem se refugia em fantasias repletas de música e dança. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2000, o filme é uma profunda subversão das convenções do gênero musical. Co-autora e intérprete da trilha sonora, a cantora islandesa Björk também conquistou a Palma de Ouro de Melhor Atriz e teve sua canção “I’ve seen it all” indicada ao Oscar da categoria.

O trabalho de von Trier, como grande parte das obras de arte, retrata o ser humano. Porém este como criatura cruel, egoísta e arrogante, deixando cair por terra a hipótese do ser humano bom selvagem presente na teoria de Rousseau, mas essa é outra história. De fato, Lars von Trier sempre remou contra a maré, e obteve sucesso instaurando esse novo estilo contemporâneo de fazer filmes, se destacando em meio a tantos outros cineastas que tentam ou tentaram fazer parecido. 
Dançando no Escuro (2000)
Lars von Trier junto a Thomas Vinterberg inauguraram o projeto Dogma 95 como uma tentativa de criar um cinema mais realista e menos comercial, abominando assim a banalização da Sétima Arte e o “cinema de entretenimento” hollywoodiano, que tira do cinema o que de melhor ele pode oferecer: a arte como meio de expressão da subjetividade humana, a originalidade, e a busca pela verdade através dos olhos de um artista.

Por essa iniciativa, e todos seus filmes feitos, Lars von Trier sempre ascende o pavio da resistência, portanto conferir uma mostra em sua homenagem é mais que obrigatória para os apreciadores de cinema. Além da exibição dos filmes, a Mostra oferece palestras sobre o diretor dinamarquês com o professor da Universidade de Copenhagen Peter Schepelern, especialista no movimento Dogma 95 e em Lars von Trier.

A Mostra Retrospectiva Lars von Trier acontece na Cinemateca Brasileira em São Paulo, no Largo Senador Raul Cardoso, 207 próxima ao Metrô Vila Mariana.
Ingressos: R$ 8,00 (inteira) / R$ 4,00 (meia-entrada).

Veja a programação completa e outras informações no site da Cinemateca Brasileira.

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